Número de queimadas que afetam fornecimento de energia dispara, aponta Cemig
Segundo a Cemig, o número de queimadas que impactam o fornecimento de energia em 2024 já é mais de oito vezes superior ao registrado no mesmo período do ano anterior. Embora o período de seca ainda não tenha terminado, este ano já caminha para ser o de maior impacto das queimadas na distribuição de energia aos clientes da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig). Entre janeiro e agosto, foram registradas 476 ocorrências de incêndios, afetando o fornecimento para 702 mil clientes. Em 2023, no mesmo intervalo, 191 incidentes prejudicaram o serviço para pouco mais de 85 mil consumidores.
Desde 1995, a Cemig acompanha e monitora os impactos das queimadas em seu sistema de distribuição. Até o momento, o ano com maior impacto foi 2021, quando 738 mil clientes tiveram o fornecimento interrompido por 940 incêndios na rede elétrica.
A região da Zona da Mata Mineira foi a mais atingida até agosto de 2024, com mais de 204 mil clientes prejudicados em 62 ocorrências — um aumento de 1.918% em relação a 2023, quando 10.661 unidades consumidoras foram afetadas por queimadas. Na região Leste de Minas, mais de 70 mil clientes foram impactados por 73 ocorrências, representando um aumento de 462% em comparação ao mesmo período do ano anterior.
Desafios no campo
As queimadas costumam ocorrer em áreas de difícil acesso, tornando as manutenções mais complicadas para as equipes de campo da Cemig. Transportar postes e torres por terrenos acidentados é um desafio adicional, o que pode prolongar o período sem energia para os consumidores.
De acordo com o engenheiro líder da Cemig, Matheus Amaral, os equipamentos da rede elétrica são gravemente afetados pelas queimadas, o que pode causar o desligamento de linhas de transmissão, subestações e até provocar acidentes. Ele ainda alerta que incêndios próximos a linhas de transmissão podem deixar serviços essenciais, como hospitais, escolas e comércios, sem energia. A prática é criminosa e pode resultar em prisão.
Quando os postes e cabos condutores são danificados, há necessidade de substituir equipamentos, o que atrasa a restauração do fornecimento. Em muitos casos, a Cemig precisa utilizar recursos especiais, como veículos e até helicópteros.
Ações preventivas
Para minimizar os impactos das queimadas, a Cemig realiza ações preventivas constantes, como a limpeza das faixas de servidão, poda de árvores e remoção de vegetação ao redor dos postes e torres. Além disso, a empresa utiliza técnicas como aceiro e pintura antichamas em postes de madeira em áreas de risco. Em 2024, a companhia destinou R$ 311 milhões para ações de manutenção preventiva em sua área de concessão.
Em caso de incêndios, a população pode entrar em contato com a Cemig pelo telefone 116, ou com o Corpo de Bombeiros, pelo número 193. Também é possível denunciar queimadas ilegais anonimamente pelo Disque Denúncia, no número 181.
Tecnologia no combate às interrupções
A Cemig utiliza tecnologia para mitigar os efeitos das queimadas no fornecimento de energia. O setor de Meteorologia e o Centro de Operação da Distribuição (COD) da companhia desenvolveram um sistema que monitora, via satélite, focos de calor em um raio de até 1,5 km das linhas de distribuição de alta tensão.
Desde 2021, quando as queimadas causaram o maior impacto na rede da Cemig, o sistema Geopat — de Monitoramento Meteorológico de Alta Tensão — tem ajudado a reduzir os prejuízos, alertando as equipes de campo com antecedência para que possam atuar de forma proativa, minimizando o impacto e evitando desligamentos que afetem os clientes.